A Igreja Matriz de Aguada de Cima, construção dos finais do século XVII, encontrava-se em péssimo estado de conservação: fendas por todos os lados, muitas infiltrações de água, que estavam a degradar por completo toda a talha riquíssima da primeira metade do século XVIII. Entre restaurar a Igreja e construir uma Igreja Nova, a opção foi avançar com a ampliação e reconstrução da Igreja, tendo como premissa base, não uma intervenção “desgarrada” em relação a construção existente (não a descaracterizando), mas sim, uma integração de conjunto que preservasse ao máximo as características arquitectónicas existentes, em consonância com a mesma linguagem plástica. Assim, a proposta foi a demolição do “corpo” central da Igreja deixando, no entanto, os “corpos” de entrada, torre sineira e capela-mor – unicamente para beneficiação e restauro – construindo-se o novo “corpo” ampliado da Igreja, aproveitando as faixas laterais de terreno existentes. Deste modo, de acordo com o programa pré-estabelecido, resultou o seguinte desenvolvimento: - Átrio de entrada, com guarda-vento, - Zona da Assembleia, para aproximadamente 350 fieis, - Presbitério, - Zonas do Sacrário e Baptistério, - Capela-Mor, - Sacristia, com instalação sanitária de apoio, e arrumos, - Duas pequenas capelas laterais destinadas, uma à imagem do Senhor e a outra a diversos Santos existentes, - O Senhor dos Passos será colocado no local estava situada a pia baptismal, - O coro existente manter-se-á. Exteriormente beneficiaram-se as fachadas existentes, melhorando-as materialmente, sendo as restantes fachadas tratadas de forma a conseguir-se um conjunto, embora actual, mas de “traça” identificada com a época em que a Igreja foi construída. Assim, toda a cantaria existente foi objecto de cuidadosa limpeza e utilizando-se cantarias de calcário para guarnecimento e remates iguais aos existentes, bem como para o forramento do sôco; a grande superfície das paredes foi rebocada, areada e pintada com tinta plástica em branco. Sob o ponto de vista construtivo, e no respeitante aos acabamentos interiores, procurou-se obter “um todo”, com unidade, qualidade e sobriedade, compatível e digno com o fim a que se destina e fazendo-se sempre que possível a recuperação do existente. Assim, a zona do presbitério, dispondo de um novo “espaço”, tornou-se suficientemente espaçosa e mais elevada, melhorando a visibilidade e participação por parte de toda a assembleia; numa zona à direita do altar lateral, devidamente ornamentada e favorável à oração privada dos fiéis, colocou-se o Sacrário; simetricamente do lado oposto, colocou-se a antiga pia baptismal, favorável à participação comunitária no Baptismo; o arco-cruzeiro com os seus dois altares, bem como o altar-mor foram limpos e restaurados, sendo “as mesas” dos altares laterais cuidadosamente retiradas e rematadas com almofadas em pedra calcária; as paredes na zona da assembleia foram revestidas com um lambrim de azulejo antigo (século XVIII), pintado à mão; todas as carpintarias do interior foram executadas em madeira, mantendo a “traça” do existente. Cravo Machado (Arquitecto)
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